Mota-Engil - Carta de Henrique Raposo a Jorge Coelho
“Caro Dr. Jorge Coelho, como sabe, V. Exa. enviou-me uma carta, com
conhecimento para a direcção deste jornal. Aqui fica a minha resposta.
Em 'O Governo e a Mota-Engil' (crónica do sítio do Expresso), eu
apontei para um facto que estava no Orçamento do Estado (OE): a
Ascendi, empresa da Mota-Engil, iria receber 587 milhões de euros.
Olhando para este pornográfico número, e seguindo o economista Álvaro
Santos Pereira, constatei o óbvio: no mínimo, esta transferência de
587 milhões seria escandalosa (este valor representa mais de metade da
receita que resultará do aumento do IVA). Eu escrevi este texto às
nove da manhã. À tarde, quando o meu texto já circulava pela internet,
a Ascendi apontou para um "lapso" do OE: afinal, a empresa só tem
direito a 150 milhões, e não a 587 milhões. Durante a tarde, o sítio
do Expresso fez uma notícia sobre esse lapso, à qual foi anexada o meu
texto. À noite, a SIC falou sobre o assunto. Ora, perante isto, V.
Exa. fez uma carta a pedir que eu me retractasse. Mas, meu caro amigo,
o lapso não é meu. O lapso é de Teixeira dos Santos e de Sócrates. A
sua carta parece que parte do pressuposto de que os 587 milhões saíram
da minha pérfida imaginação. Meu caro, quando eu escrevi o texto, o
'lapso' era um 'facto' consagrado no OE. V. Exa. quer explicações?
Peça-as ao ministro das Finanças. Mas não deixo de registar o
seguinte: V. Exa. quer que um
cometido pelos dois homens mais poderosos do país. Isto até parece
brincadeirinha.
Depois, V. Exa. não gostou de ler este meu desejo utópico: "quando é
que Jorge Coelho e a Mota-Engil desaparecem do centro da nossa vida
política?". A isto, V. Exa. respondeu com um excelso "servi a Causa
Pública durante mais de 20 anos". Bravo. Mas eu também sirvo a causa
pública. Além de registar os "lapsos" de 500 milhões, o meu serviço à
causa pública passa por dizer aquilo que penso e sinto. E, neste
momento, estou farto das PPP de betão, estou farto das estradas que
ninguém usa, e estou farto das construtoras que fizeram esse mar de
betão e alcatrão. No fundo, eu estou farto do actual modelo económico
assente numa espécie de new deal entre políticos e as construtoras.
Porque este modelo fez muito mal a Portugal, meu caro Jorge Coelho. O
modelo económico que enriqueceu a sua empresa é o modelo económico que
empobreceu Portugal. Não, não comece a abanar a cabeça, porque eu não
estou a falar em teorias da conspiração. Não estou a dizer que
Sócrates governou com o objectivo de enriquecer as construtoras. Nunca
lhe faria esse favor, meu caro. Estou apenas a dizer que esse modelo
foi uma escolha política desastrosa para o país. A culpa não é sua,
mas sim dos partidos, sobretudo do PS. Mas, se não se importa, eu
tenho o direito a estar farto de ver os construtores no centro da vida
colectiva do meu país. Foi este excesso de construção que arruinou
Portugal, foi este excesso de investimento em bens
não-transaccionáveis que destruiu o meu futuro próximo. No dia em que
V. Exa. inventar a obra pública exportável, venho aqui retractar-me
com uma simples frase: "eu estava errado, o dr. Jorge Coelho é um
visionário e as construtoras civis devem ser o Alfa e o Ómega da nossa
economia". Até lá, se não se importa, tenho direito a estar farto
deste new deal entre políticos e construtores.”
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PS. – A propósito deste “modelo económico” que empobreceu Portugal,
deve lembrar-se ao país que no ano de 1991, ano em que o PSD e onde o
seu líder sr. Silva (hoje PR) ganhou aquela maioria absoluta, saíram
dos cofres da BRISA (na altura uma EP- Empresa Pública) a módica
quantia de 10 milhões de contos (hoje seriam 50 milhões de euros) para
pagar prémios às Construtoras por antecipação de obras em vários
troços de auto-estradas, a fim de permitir ao sr. Silva ir depois
proceder às inaugurações antes das referidas eleições em OUT.91. Como
aconteceu!
Mas o pior estaria para vir. Como esta notícia apareceu na TV (em
Junho.91) num debate entre o Guterres e o Pacheco Pereira (o
Intendente sempre de serviço!), o sr. Silva, através do seu gabinete
ordenou que na BRISA se procedesse a um rigoroso e exaustivo
inquérito, para apurar/saber quem foi o “malandro”, (as palavras não
serão dele) que cometeu tamanha traição à Pátria! Quer dizer, o sr.
Silva não estava preocupado em apurar se de facto era verdade o
pagamento daqueles “prémios por antecipação de obra”, aquelas
“ofertas” aos empreiteiros, aquela gestão de dinheiros públicos ao
serviço das inaugurações! Ele queria era punir o “traidor”, o
“infiltrado”!!! Houve o competente inquérito, efectuado por entidade
exterior à BRISA, mas não se descobriu o “malandro” que tanto lesou a
Pátria! Era até interessante que algum jornalista, agora, fosse
remexer neste “acontecimento”. Até porque estamos (estão) em campanha
para Eleições Presidenciais.
Parece pois que quer o PS quer o PSD se entendem muito bem no que
respeita a empreiteiros de Obras Públicas……
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