O FUTEBOL (AINDA E SEMPRE A ILUSÃO QUE O POVINHO PAGA)

Há uns anos estava num hipermercado de Chicago e, ao ver alguém ao meu lado numa caixa de pagamentos, pareceu-me reconhecer o João Teddy-Boy dos tempos de Coimbra. Fiquei com muitas dúvidas e perguntei a mim mesmo se seria possível que o antigo boémio da cidade dos doutores estivesse ali. Não tirei dúvidas de imediato mas, no dia em que abandonei Chicago, a fazer "check-out" no Palmer Hotel, as mesmas dissiparam-se. Em pleno "hall", as comitivas dos paises, as bandeiras, o folclore das camisolas e das cores das selecções nacionais davam a conhecer aos mais analfabetos da bola, que ia realizar-se mais um campeonato do mundo e... João Teddy estava lá porque já fazia parte do esquema.

Agora há o caso do Scolari, há a condenação do mesmo, há o recurso (pessoal!) do mesmo, há um "pôr-se lado" do candidato a um lugar na UEFA ou na FIFA chamado Gilberto, há uma possibilidade de "correr" com o brasileiro para não entrar em litígio com o aparelho instalado em território suíço... enfim há montes de situações e uma das televisões até teve a sorte de "apanhar" o João Rodrigues (o tal de Chicago) na sua secretária suíça, a dizer que nada se vai passar, que isto é tudo normal e que mais isto, mais aquilo, etc etc.

Meus amigos, o futebol chegou a um ponto em que o que interessa é manter e aumentar (se possível) as receitas através do empolamento da indústria. É nessa linha que Portugal tem nas competições europeias 7 (sete ) equipas , que Hermínio Loureiro "inventou" a Taça da Liga e que "alguém" está dando maior divulgação ao FUTSAL (antigo futebol de 5 que a gente jogava aos fins de semana entre amigos).

O povo pagador que se cuide. Nada poderá ser feito sem o dinheiro do povo que, parvamente, paga as quotas, a publicidade, os "balúrdios" em bilhetes de entrada, as mordomias dos dirigentes e quejandos...

Portugal não tendo (por enquanto) russos que investem milhões na bola, até quando aguentará esta disparidade de situações, por um lado índices baixissimos de rendimentos, por outro ambições de competir futebolisticamente com sociedades mais ricas e avançadas ? Tudo isto promovido e acarinhado por uma classe de jornalistas e políticos desportivos que, sem exagero, devem percentualmente ser em número "versus" dimensão do país, os maiores da Europa.