html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> É FARTAR, VILANAGEM: AINDA A QUINTA DA FONTE (LOURES)

Wednesday, July 23, 2008

AINDA A QUINTA DA FONTE (LOURES)

O homem, jovem, movimentava-se num desespero agitado entre um grupo de mulheres vestidas de negro que ululavam lamentos: "Perdi tudo ". "O que é que perdeu ?" - perguntou-lhe o repórter. " Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD, a aparelhagem...". Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos autodesalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do Presidente da Câmara de Loures: "uma elevadissima percentagem da população do bairro recebe rendimento de reinserção social e paga quatro ou cinco euros de renda mensal pelas habitações camarárias".
Dias depois, noutra reportagem, outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadissimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que " até a TV e a playstation das crianças tinham roubado".
Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituidos em boa fé e para atender a situações excepcionais de carência. A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que, à custa destas bizarras promessas, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor sem freio nos dentes, que há famílias que pagam "quatro ou cinco euros de renda" à Câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de insersão que, se habilmente requerido por um grupo familiar de 5 ou 6 pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda queiram que os seus T2 e T3 a "quatro ou cinco euros mensais" lhe sejam dados em zonas "onde não haja pretos".
Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades. O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre, disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos, embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso: "ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos..."
A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e autodenominados representantes comunitários, entre os sorrisos de resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do Governo Civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala. Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências sociopoliticas, os defensores do que nos resta de ordem estão a pensar que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor.

Ricardo Cubas

A IDENTIFICAÇÃO DOS ENVOLVIDOS NO CITADO TIROTEIO DEVERÁ SER EFECTUADA PELAS MESMAS PESSOAS QUE IDENTIFICARAM (PARA JULGAMENTO) OS CAMIONISTAS DA ÚLTIMA "GREVE" !!!
QUANTO AOS QUATRO OU CINCO EUROS DE RENDA MENSAL , SEGUNDO O PRESIDENTE DA CÂMARA DE LOURES, HÁ MILHARES E MILHARES DE EUROS EM DÍVIDA NÃO TENDO SIDO ACCIONADOS QUAISQUER PROCESSOS JUDICIAIS.

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