O DESPORTO PORTUGUÊS NA MÃO DA MAFIA

Nestes últimos dias assistimos aos episódios mais tristes do desporto português, mais propriamente do chamado desporto profissional e federado.

O caso Mateus, contínuo do Grupo Desportivo da Lixa e futebolista amador nos "entretanto", despoletou um caso que, a nosso ver, pode ser o funeral de toda esta trapalhada que é o futebol profissional português neste momento ou, pelo contrário (hipótese muito, muito improvável), pode ser um reacender da chama dum desporto mais digno, isento, absorvente, mas congregador do entusiasmo das massas que, em último caso, servirá de estímulo e lenitivo para o desgaste dos problemas do dia-a-dia da vida das populações.

Quando eu vi o Presidente do Gil Vicente Futebol Clube, explicar a razão que o levava a conduzir a sua equipa para Lisboa, para jogar com o SLB como o Tribunal tinha ordenado, convenci-me que efectivamente o sr Fiúza estava fazendo o papel do D.Quixote face aos moinhos de vento.

O sistema está implantado há tanto tempo que a mudança não se pode fazer com paninhos de lã e, mau-grado uma nova equipa eleita para dirigir os destinos da Liga, acreditamos que nada vai mudar, antes pelo contrário, o enraizamento da árvore ainda vai ser mais forte (por alguma razão Valentim mantém a sua presença na instituição, agora numa posição que qualquer pessoa com alguns conhecimentos sabe que é a de maior prestígio).

Ontem realizou-se no Hotel Altis uma conferência de imprensa do sr Cunha Leal onde, que eu tenha ouvido, veio apenas à tona da água a antipatia e inimizade entre ele e Valentim Loureiro.

Hoje às 19h00 mais um folhetim vai ocorrer com a conferência do Major. Não sou profeta mas, aposto dobrado contra singelo, que vai ser do mesmo mas em estilo Capitão-Batatas, com muito sarcarmo, com um vozeirão de todo o tamanho e realçando que não precisa do futebol para nada. Até acreditamos, mas deve lembrar-se dos tempos da guerra colonial em que era capitão dos serviços dos Abastecimentos do Exército e, nesses tempos de obscurantismo era só isso. Ainda não tinha descoberto a "mina" do futebol.

Vamos ver o que se vai passar a seguir mas, com estes dirigentes, com Madaís, Vieiras, Veigas, Pintos e Pintinhos, Searas, Cunhas leaj, Valentins, Loureiros, Mesquitas, etc etc não é de esperar grandes coisas para o futebol português. INFELIZMENTE NEM HERMÍNIO LOUREIRO VAI FAZER A REVOLUÇÃO PORQUE VAI MESMO SER ABSORVIDO PELO SISTEMA (OU É CORRIDO, HIPÓTESE MAIS PLAUSÍVEL)

PORTUGAL - PÁTRIA DO SURREALISMO

Não há dúvida que os romanos tinham muita razão quando, ao confrontarem-se com a realidade que encontraram na Lusitânia, mandaram dizer para Roma que tinham deparado com umas populações indígenas muito especiais que entre outras características denotavam o condão de não aceitarem ser governados, nem muito menos ser disciplinados.

Hoje em dia e em pleno século XXI e "entrosados" na Europa dos 20 e tal (a caminho dos 30) o que é que vemos neste país à beira-mar plantado em dia de ventos e tormentas ?

1 - Dádivas de 300 e tal milhões para países pobres (superiores a outros países da UE muito maiores e mais ricos) quando a míséria no país é cada vez maior pricipalmente nas grandes cidades.

2 - Mantém-se com dinheiros públicos (e dádivas particulares também) a AMI (organização médica global) quando ninguém vê esses médicos oferecerem-se para trabalhar na periferia das grandes cidades ou no Portugal profundo onde as carências são muito próximas da realidade dos países do 3º mundo.

3 - Toma-se uma decisão (pelo menos 2 vezes) de tratar os resíduos perigosos no Outão e em Souselas mas não se sabe porquê, o seu início vai sendo protelado indefinidamente dando até azo a que a Câmara de Coimbra delibere dentro das competências que lhe são próprias que a única via de acesso a Souselas está interdita a veículos que transportem resíduos perigosos.

4 - Encerram-se maternidades e escolas no Portugal Profundo por razões economicistas, o que significa que, em vez de se "acarinhar" e promover o interior, todas as populações aí residentes são convidadas a pensar na sua deslocação para o litoral onde haverá sempre maiores facilidades de emprego, assistência médica...

5 - Pensa-se em construir um "novo aeroporto de Lisboa" a quase 100 Kms da capital, dando todos os trunfos a Madrid e "queimando" definitivamente todas as ligações por avião entre as 2 maiores cidades, com as inerentes implicações na rentabilidade da TAP e da PORTUGALIA. Mais grave que isso, o público é prejudicado e, a não ser os interesses da indústria do betão, não se vê qualquer benefício.

6 - Suspende-se a construção da Barragem no Rio Côa (já em fase muito avançada) para proteger as "ditas" gravuras rupestres do tempo da pedra lascada(!), prometendo criar um Museu, angariar muitos milhares de turistas para a Região de Foz-Côa,... enfim, desenvolver a Região mas em moldes estritamente culturais. O que é que aconteceu ? Nada. Há épocas do ano em que nem um turista para amostra surge naquela área e, mesmo na época alta e com os meios postos à disposição, são números residuais que nada significam. Que os meios jornalísticos vão ali e interroguem as populações. Bem fez Carlos Zorrinho em mandar às malvas o assunto para se "entreter" com outras políticas.

7 -Desde há muitos anos que os subsídios ao cinema português são uma realidade. Mas, que eu saiba, desde as velhas películas de Arthur Duarte sempre vistas repetidamente com agrado, nem os enfadonhos filmes de Manoel de Oliveira justificam um euro que seja do dinheiro dos contribuintes. Para realçar ainda mais a minha afirmação, não falando já do subsídio ao famigerado filme sem imagens, posso referir o "Vanitas" de Paulo Rocha que teve 488 espectadores tendo recebido um subsídio de cerca de 670.000 euros (!). É obra !

8 - Autorizaram-se "milhentas" universidades particulares, aumentou-se o número das públicas e o que é que aconteceu ? Mau-grado uma lógica evolução da cultura média das populações, hoje em dia, à excepção de Medicina, não há uma resposta do mercado do trabalho à quantidade indiscritível de novos licenciados que todos os anos terminam os cursos. Não me admirei nada quando recentemente um taxista me disse que tinha tirado o curso de Antropólogo.

9 - Vê-se quotidianamente nos jornais que a polícia prende assaltantes, criminosos, assassinos e que os entrega ao Ministério Público e aos tribunais. O que é que acontece a seguir ? Normalmente são libertados, muitas das vezes para cometerem novas acções criminosas muito antes de prestarem contas em tribunal, o que, quando acontece, pode levar anos ou até mesmo prescrever. Veja-se o caso do chamado Apito Douardo, Casa Pia ou os vários casos Vale e Azevedo.

10 - Agora o Ministério das Finanças decidiu publicar na Internet o nome dos contribuintes que mais devem ao fisco. Dos milhares que haviam sido anunciados, que se saiba, somente uns magros 200 tiveram a "honra" de verem publicados os seus nomes no "site" ministeriodas finacas.com. Quanto a mim, é puro folclore e, à excepção de 2 ou 3 que foram logo na véspera da prometida publicação liquidar os impostos em dívida, nada mais acontecerá e, mais tarde ou mais cedo, esse assunto é para apagar da Net.

11 - Decidiu-se - e muito bem - acabar com o serviço militar obrigatório, criando-se a alternativa do serviço voluntário. E o que é que está acontecendo ? Os políticos (ou os militares de média e alta patente) querem manter a chama viva através da presença das tropas portuguesas (ou GNR, ou PSP, ou ambas) em tudo o que é litígio internacional. É o Afeganistão com as tropas OTAN, é o Kosobo, é o Congo, é Timor-Leste, é agora o Líbano...

COMO DIRIA O OUTRO : NÃO HÁ PACHORRA !!!

A MATERNIDADE EM MIRANDELA (e noutras cidades do interior)

O que havia sido anunciado, confirmou-se: Mirandela vai perder a sua maternidade por não se justificar em termos economicistas.

Esta é uma decisão com que os poderes constituidos se vão confrontar nos próximos tempos e, pensamos nós, será o princípio dum assumir de atitudes cívicas que porá muita coisa em causa.

Senão vejamos:

O arrastar das populações para o litoral é um fenómeno que desde há 50/60 anos se vem progressivamente sucedendo, quer por falta de emprego no interior, quer pela queda da agricultura, quer pela alteração "dirigida" das mentalidades com um contributo muito significativo da Comunicação Social.

Hoje em dia, o filho do barbeiro, já não quer seguir a profissão do pai, o filho do agricultor não quer muito logicamente continuar a trabalhar a terra. E porquê?

Durante centenas de anos era assim e parece que era o mais correcto, já que a paz social era uma realidade (concreta ou simulada, tanto importa) e ninguém pode dizer que as populações eram mais infelizes. E o que é que acontece hoje em dia ? O Estado, sempre o Estado, aumenta a escolaridade obrigatória, disciplina (em termos economicistas, mais uma vez) o número de escolas nas aldeias e outros aglomerados populacionais, tentando preparar os adolescentes para um mundo que não está ali, mas sim no litoral. É lógico e só um cego do Governo não vê como tudo está interligado.

Se tudo continuar dentro da mesma linha política, o interior vai ser progressivamente esvaziado, agora as maternidades e os hospitais, ontem as linhas de caminho de ferro, depois os CTTs (parece que já iniciaram o ajustamento), depois uma ou outra empresa média que ainda subsiste e as escolas... é o que se vai lendo nas notícias envergonhadas da nossa imprensa.

Por acaso já alguém se lembrou de algumas acções levadas a cabo pelo Ministério da Ambiente e por associações de protecção animal em relação à criação de condições para as aves ou animais em perigo de extinção poderem reproduzir-se ? A comparação pode não ser muito feliz, mas quando se encerram maternidades do interior, como é o caso de Mirandela e outras, parece que não estamos a defender em relação aos humanos a mesma política.

Lisboa que se cuide. Aquela boa gente do interior saberá responder na altura própria a todas as injustiças.